Eu e a pandemia

By Nana
Eu e a pandemia

Esse texto é um relato do que eu passei sobrevivendo em uma pandemia fora do meu país de origem.

Eu infelizmente não consegui deixar o texto mais conciso, mas eu espero que ele esteja no mínimo legível.

Migrar de país sempre foi uma meta desde 2018, mas isso aconteceu em 2019 quando o Ruan e eu chegamos aqui na Irlanda. Até então parecia tudo indo muito bem até que só se ouvia falar de corona vírus nos jornais. O vírus chegou aqui na Irlanda e em fevereiro de 2020 o Ruan já estava trabalhando de casa no nosso minúsculo apartamento em Dublin 6.

Fiz diversas entrevistas até que aceitei o desafio de trabalhar com algo totalmente novo para mim na Red Hat, o sonho de trabalhar em uma empresa Open Source chegou e eu estava realmente empolgada. Devido à pandemia o computador demorou para chegar, aconteceram várias coisas, muitas coisas!

O verão de 2020 foi bem bonito e com pouquíssimo dias de calor, mas eu comecei a me sentir mal em qualquer cômodo daquele apartamento, era como se o apartamento, ao meu ver, estivesse encolhendo a cada dia que passasse ou então sentia como se aquele espaço me sugasse toda a energia possível, e veja bem, nem estou falando de limpeza e organização.

Em uma das flexibilizações fomos conhecer Dun Laoghaire e me apaixonei pelo lugar e em alguns meses depois começamos a planejar a nossa mudança e estamos aqui em Dun L até hoje.

O tempo foi passando e eu comecei a me sentir impotente de novo, falei com a minha psicoterapeuta e ela me explicando que isso tudo que eu estava sentindo desde o apartamento antigo era depressão. Logo em seguida voltei a ter uma rotina de exercícios e o meu sono melhorou bastante, mas só os exercícios não compensavam.

Comecei a receber a notícia de falecimento de pessoas próximas e familiares, eu não estava esperando uma notícia dessas, não oito, OITO, com intervalos de uma semana para cada notícia… comecei a me sentir mal, já não estava produzindo o suficiente no trabalho e começaram a chegar aquelas cobranças sobre produtividade e eu não sabia como lidar com elas. Falei mais uma vez com a minha psicoterapeuta e depois com o médico e começamos a introdução de medicamentos antidepressivos. Eu realmente não tinha forças para trabalhar, foram dias de choro, angustia e muita cobrança.

A soma disso foram 90 dias, afastada do trabalho, 90 dias para tentar me reerguer do tombo que tomei. Cada notícia do Brasil era mais uma noite de insônia, mas cada pessoa que postava uma foto vacinada era 1% de esperança. A verdade é que dentro do meu círculo de amigos, ninguém estava 100% bem, a pandemia e a situação do Brasil afetou todo mundo.

Eu finalizo esse breve relato e desabafo lhes contando que, depois que eu voltei de licença, por mais que eu me sinta melhor, nada é igual, o desempenho não é igual e muito menos a rotina. Eu já não me sinto mais parte do meu time mesmo tendo todo o apoio da empresa e dos colegas. Claro que, a notícia da gravidez nos trouxe muito ânimo e me deixou melhor, bem melhor!

O recado final é, se cuidem, cuidem dos seus, cuidem da saúde mental.

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